Seguindo o mês de comemoração dos 40 anos de criação deste grupo institucional, no programa de hoje apresenta duas obras executadas no programa de estreia do grupo em 18 de abril de 1985 e uma obra do “sistematizador” da escrita para quarteto de cordas, Franz Joseph Haydn. 

A primeira peça é o Quarteto n.º 1 de Heitor Villa-Lobos, composto no ano de 1915 na cidade de Nova Friburgo. Esta obra foi concebida no formato de uma suíte com seis movimentos. O movimento final remete a um personagem icônico da tradição oral brasileira. Villa-lobos sugere que este movimento seja uma descrição sonora do Saci Pererê, pulando com uma perna só, com um cachimbo na boca e pegando as pessoas de surpresa com suas travessuras. 

A segunda peça deste programa, será apresentado o “Quarteto de cordas nº 17, em Si bemol maior, K. 458 “A Caça” de Wolfgang Amadeus Mozart. Esta obra foi concluída em 1784 e faz parte de uma coletânea de seis quartetos, compostos entre 1782 e 1785 e dedicados ao seu amigo e inspiração para este projeto, Franz Joseph Haydn. Mozart havia conhecido Haydn pessoalmente em 1781 e ficou muito impressionado com a qualidade composicional observada nos quartetos op. 3, de Haydn. Não se sabe a quem se atribui este apelido “A Caça”, mas a referência está nos primeiros compassos desta peça nas partes de primeiro e segundo violino e remetem a duas trompas de caça tocando em duo. 

Por fim, a audiência ouvirá o “Quarteto de cordas em sol maior, op. 76 n°1” de Franz Joseph Haydn. Haydn, compositor primordial para a escrita para quarteto de cordas, é o sistematizador desta escrita e o responsável por consolidar o uso deste “instrumento” por seus contemporâneos até a atualidade. Em 1797, ano em que se atribui a conclusão da escrita desta obra, Haydn se colocava na vanguarda da composição para quarteto, tendo absorvido vários elementos dos seis quartetos de Mozart, dedicados a ele. Mozart já havia falecido em 1791 e Haydn, aposentado de suas funções de compositor da corte de Esterhazy, já dispunha de uma segurança que lhe permitia ser mais audacioso em suas experimentações composicionais, recebendo esta encomenda do conde Húngaro Joseph George von Erdödy, a quem a obra é dedicada. Este quarteto possui uma interessante construção em termos texturais, em muitos momentos lembrando uma escrita mais orquestral, mais densa e momentos em que a virtuosidade é nitidamente desenvolvida, tanto no plano individual de cada voz quanto na forma em que o quarteto é utilizado, muitas vezes tocando junto em blocos em contraste com momentos de polifonia, de diálogos entre as vozes. 

Esta comemoração se estenderá ao longo de 2025 e contará, através de concertos especiais, homenagens a figuras emblemáticas da história deste grupo, e programas cuidadosamente escolhidos e trabalhados para o deleite da audiência. 

Tomaz Soares, abril 2025

Programa

Heitor VILLA-LOBOS (1887-1959)
Quarteto de cordas n° 1
I. Cantilena (Andante)
II. Brincadeira (Allegretto scherzando)
III. Canto lírico (Moderato)
IV. Cançoneta (Andantino quasi allegretto)
V. Melancolia (Lento)
VI. Saltando como um Saci (Allegro) 

Wolfgang Amadeus MOZART (1756-1791)
Quarteto de cordas nº 17, Si bemol maior, K. 458 “A Caça”
Allegro vivace assai Menuetto
Moderato – Trio
Adagio
Allegro assai

Franz Joseph HAYDN (1732-1809)
Quarteto de cordas em sol maior, op. 76 n.° 1
Allegro con spirito
Adagio sostenuto ⁠
Menuetto – Presto
Allegro ma non troppo

Quarteto de Cordas da UFF
Tomaz Soares, 1º violino
Ubiratã Rodrigues, 2º violino
Clara Santos, viola
Glenda Carvalho, violoncelista licenciada
Kayami Satomi, violoncelista convidado

27 de Abril de 2025
Domingo | 10h30
Cine Arte UFF
Rua Miguel de Frias, 9 – Icaraí – Niterói
Ingressos: R$30 (inteira) – R$ 15 (meia)
Canais de venda: Guichê Web e Bilheteria