Entre o céu e a terra | Renascença Italiana

O Renascimento, como movimento artístico, teve seu início na Itália no final do século XV, quando os tratados gregos começaram a ser trazidos para a corte dos Medici, em Florença. Nesta corte foram traduzidos e os princípios renascentistas de harmonia e ordem dos cosmos, remontando ao mundo clássico de Platão e Quintiliano, se tornaram conhecidos e disseminados por toda a Europa.

Os compositores europeus do início do século XVI estavam ainda muito ligados à rebuscada técnica contrapontística da tradição franco-flamenga. Com a formação dos estados nacionais a necessidade de identidade da expressão musical de cada nação tornou-se mais relevante e novas técnicas e gêneros musicais foram surgindo para adequar-se às demandas deste momento.

A Itália tornou-se um importante centro musical na Europa. Danças e canções tradicionais do ambiente cortesão italiano serviram de modelo e inspiração para compositores estrangeiros valendo destacar a frottola, a villanelle e a canzonete. Estes gêneros, com textura polifônica e contrapontística, buscam destacar uma linha melódica em detrimento das outras para assim propiciar maior expressão do texto, o que conduzirá posteriormente a composição das árias do gênero operístico.

Bartolomeo Tromboncino, que trabalhou nas cortes de Mântua e Ferrara, foi um importante compositor de frottola e em sua composição Hor che’l ciel e la terra nos brinda com um lindo texto de Petrarca. A canzonetta La bella Franceschina tornou-se tão conhecida por toda Europa que o compositor Luys Milan, vihuelista espanhol, nela se inspirou ao compor uma de suas famosas Pavanas. Da compositora Francesca Caccini temos a graciosa Canzonetta Chi desia di saper che cosa è Amore , do seu livro Il Primo Libre delle Musiche (1618). Assim também o alaudista e compositor napolitano Andrea Falconieri se rendeu aos encantos da canção acompanhada como podemos apreciar a canção E viver e morire de seu  Libro Primo di villanelle (1616).  A Cantata a voce sola sopra il Passacaglie, do compositor Giovanni Felice Sances, nos conduz suavemente ao princípio da tradição operística.

A música instrumental, por sua vez, atinge também um grande desenvolvimento neste período partindo muitas vezes da simplicidade das danças populares cortesãs, como por exemplo, o Saltarello de Orazio Vechi ou a Galliarda de Andrea Falconieri. No entanto, na Passacalle Folias echa para mi Señora, o compositor partindo da estrutura harmônica das danças, propõe um delicioso desafio aos instrumentistas com suas virtuosísticas variações rítmicas e melódicas sobre o baixo contínuo.

Esperamos que os ouvintes possam nutrir a alma e alimentar o espírito com este encontro de música e poesia.

Música Antiga da UFF agosto 2025

Programa

Saltarello detto Triuella – Orazio Vecchi (1550-1605)
Hor che’l ciel e la terra – Bartolomeo Tromboncino (c.1470-1535)

Gallarda à 3 – Andrea Falconieri (ca. 1585-1656)
Chi la gagliarda – Giovanni Domenico da Nola (c. 1510-1592)
Chi la gagliarda – Baldassare Donato (c. 1530-1603)

Che debo far – Bartolomeo Tromboncino (c.1470-1535)
E viver e morire – Andrea Falconieri (ca. 1585-1656)

Folle è ben chi si crede – Tarquínio Merula (1595-1665)
Passacalle – Andrea Falconieri (ca. 1585-1656)

“Usurpator Tiranno” Cantata a voce sola sopra il Passacaglie – Giovanni Felice
Sances (c.1600-1679)

Ostinato vo seguire – Bartolomeo Tromboncino (c. 1470-1535)
La bella Franceschina – anônimo (ca. 1520-1580)
Chi desia di saper che cosa è Amore – Francesca Caccini (1587-1641)

Vecchie Letrose – Adrian Willaert (1490-1562)

Folias echa para mi Señora Doña Tarolilla de Carallenos – Andrea Falconieri (ca.1585-1656)

Ciaccona di paradiso, e d’Inferno – anônimo (XVI) publicada em Canzonette
Spirituali (Milano, 1675)

31 de Agosto de 2025
Domingo | 10h30
Cine Arte UFF
Rua Miguel de Frias, 9 – Icaraí – Niterói
Ingressos: R$30 (inteira) – R$ 15 (meia)
Canais de venda: Guichê Web e Bilheteria