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OSN UFF – Uma Noite Sinfônica

A sonoridade de uma orquestra sinfônica, tal como hoje habita o nosso imaginário coletivo, formou-se no período romântico, momento histórico atravessado por grandes revoluções, batalhas napoleônicas e radicais mudanças estruturais na Europa. A música, sendo reflexo da sociedade que a compõe, viveu a época das grandes sinfonias, de longas melodias desenhando complexas harmonias, formando quadros auditivos de proporções jamais vistas até então, explorando em grandiosas orquestrações os limites do tonalismo que fora sedimentado ao longo dos séculos anteriores. Dentro deste vasto cenário sonoro, a OSN UFF, neste concerto especial, em horário noturno, interpretará três obras que carregam consigo a linguagem deste marcante período musical.
Beethoven foi um dos principais compositores que simbolizou a transição entre o período Clássico e o período Romântico na história da música ocidental. Na Abertura para Egmont, Op. 84, composta como música incidental para a peça de J. W. Goethe de título homônimo, o compositor inicia com uma densa harmonia na seção de cordas, que vai aos poucos se desenlaçando em fios de melodia nos sopros, que conduzem para a eletricidade do Allegro, pausado por um breve momento de introspecção e, por fim, vibrando numa profusão de energia, tradicional da linguagem sinfônica de Beethoven.
O Concertino para Trombone e Orquestra, Op. 4 de F. David é um repertório standard para trombone enquanto instrumento solista. A peça demonstra musicalmente a versatilidade do instrumento, exigindo maestria do solista, tanto em suas passagens rápidas e virtuosísticas como em suas belas melodias, mais lentas e contemplativas. O acompanhamento da orquestra contribui para que esses contrastes sonoros ocorram de forma dinâmica e a obra termina de forma enérgica, numa intensa seção de perguntas e respostas entre orquestra e solista.
A Sinfonia n°8 em Sol maior, Op. 88 de A. Dvořák marca uma mudança na linguagem musical do compositor, que a descreve como “diferente das outras sinfonias, com ideias individuais trabalhadas de uma nova forma”. Através dela foi desenvolvida a sua escrita baseada em temas do folclore boêmio, característica que seria ainda mais marcante em sua famosa nona sinfonia, “do Novo Mundo”.
A música inicia-se com uma melodia expressiva, tocada por violoncelos, clarinetas e trompa, preparando o cenário para o canto do pássaro a ser entoado pela flauta, fazendo referência à natureza da Bohemia, terra natal do compositor. Ambos os temas são variados em diversas formas, se juntando a outros temas e motivos, assim compondo uma textura orquestral que se torna gradativamente mais densa, para chegar na coda final de forma brilhante.
No segundo movimento, Adagio, a atmosfera sonora muda com a música começando mais contemplativa nos violoncelos, passando de forma camerística pelas madeiras, para depois se expandir com melodias e marcações rítmicas graciosas, trazendo a alegria pulsante que marca esta sinfonia.
O terceiro movimento se dá numa valsa, onde é possível ouvir os gestos das tradicionais danças boêmias nas articulações e acentuações que entremeiam a singela melodia. Ao fim do movimento, o compasso muda de ternário para binário e termina de forma suspensa, como um intermezzo que prepara o ouvinte para o ato final da sinfonia.
O último movimento é anunciado numa sonora fanfarra dos trompetes, chamando o tema que se inicia nos violoncelos e se desenvolve em outros naipes e, eventualmente, alcança todos os membros do corpo orquestral num clímax, retornando junto a outros temas à fonte popular do folclore boêmio, misturando-se e desaguando num radiante gran finale.
Raphael Resende, julho 2025
Trompista da OSN
09 de Agosto de 2025
Sábado | 19h
Cine Arte UFF
Rua Miguel de Frias, 9 – Icaraí – Niterói
Ingressos: R$40 (inteira) – R$ 20 (meia)
Canais de venda: Guichê Web e Bilheteria