Carlos Malta nascido no Rio de Janeiro em 1960 é multi-instrumentista, arranjador, compositor e educador. Conhecido como “Escultor do Vento”, possui um estilo totalmente original, sendo uma referência no universo dos sopros no Brasil e mundo afora, um mestre que domina toda a família de saxofones e flautas, o clarinete baixo e também instrumentos étnicos como o pife brasileiro (pífano), o shakuhachi japonês e a di-zi de origem chinesa.

Em plena atividade desde 1978, em distintos projetos e formações, do solo ao som orquestral, há mais de quarenta anos Carlos Malta vem esculpindo seus múltiplos timbres, traduzindo através de seu sopro a alma da música do Brasil.  Após 12 anos tocando com Hermeto Pascoal e Grupo (1981-1993), numa vivência de imersão ao lado do lendário músico, Malta pensou num grupo com uma formação completamente diferente, minimalista e que tivesse o Pife (pífano) como protagonista.

O Pife Muderno foi criado em 1994 e há 30 anos se mantém atuante na cena brasileira.  O grupo criou uma sonoridade única, unindo elementos da tradição a linguagens contemporâneas, do tribal ao urbano, num diálogo sem fronteiras, mesclando a raiz indígena/nordestina e a música popular brasileira, à voz original de um conjunto camerístico moderno. Formado apenas por sopros e percussões, mas, diferente do que manda a tradição, foram inseridos instrumentos que não fazem parte do universo das bandas de pífanos como o sax, a flauta transversa, a flauta baixo e o pandeiro grave, o que imprime uma sonoridade única ao grupo. Dessa maneira a tradição e o regionalismo andam de mãos dadas com a modernidade e a universalidade.

Ao longo desses 30 anos, percorrendo o Brasil e o mundo, o grupo já esteve em vários festivais e escolas, dando aulas e se apresentando em universidades como University of Florida (EUA), Aarhus Royal Academy of Music (Dinamarca) e templos da música como Forbidden City Concert Hall (Pequim) e, ao lado de Gilberto Gil, no lendário Carnegie Hall (USA). Yamandú Costa, Moraes Moreira e Lenine são alguns dos artistas que dividiram o palco com o grupo.

Em 1997, apresentou-se no Free Jazz Festival, ao lado do Coreto Urbano, grupo também liderado por Carlos Malta e dois anos depois o grupo lançou o CD “Carlos Malta e o Pife Muderno” que lhe rendeu uma indicação ao Grammy Latino. Em 2019, Carlos Malta e Pife Muderno se apresentaram no Iº Rio Montreaux Jazz Festival, considerado pelo público e pela crítica como um dos melhores espetáculos. Em 2001, apresentou-se, juntamente com o cantor e compositor Lenine, na Sala Cecília Meirelles (RJ), recebendo críticas calorosas de jornalistas especializados. Em 2014, o grupo lançou o seu primeiro disco gravado ao vivo. Intitulado “Ao vivo – Carlos Malta & Pife Muderno”, a gravação foi resultado de um show realizado no Teatro da Cidade Proibida, em Pequim. Marcou os 20 anos de carreira do grupo.

Programa

TUPYZINHO ABERTURA – Carlos Malta 1960 ( PIFE+OSN)

Esta obra orquestrada para cordas e flautas, nos remete a sonoridade do movimento armorial, visitando alguns temas clássicos do Pife Muderno, tais como “O Trem”, “Lá no Suzano”, “Viva João do Pife” e “Tupyzinho”.

SUITE “OS ELEMENTOS EM 5 MOVIMENTOS“- Carlos Malta 1960 (PIFE+OSN)

Em forma de suíte, esta composição para orquestra completa é inspirada na dança dos cinco elementos:

I – ETÉREO

As flautas sagradas URUÁ, da etnia Yawalapiti, são as protagonistas desta obra, dialogando com os metais e madeiras. As cordas graves sustentam o clima etéreo da melodia das cordas e sopros que finaliza o movimento.

II – FOGO

Os pandeiros e o reco-reco são os atores principais desta peça, produzindo uma sonoridade que lembra uma fogueira, crepitando e estalando. A orquestra dialoga com o ritmo de samba em compasso ternário, aumentando ainda o desafio. A melodia no estilo de Choro revela o virtuosismo dos solistas, que se alternam nas linhas principais, sustentados pelo tecido rítmico sincopado.

III – ÁGUA

Em ritmo de Maracatu, esta obra traz uma melodia inspirada no mar Caymmi, nas águas de Yemanjá. As cordas pulsam e acentuam o baque virado, que a cada instante vai crescendo com a entrada de mais instrumentos, num efeito de cheia, como nas marés.

IV- AR

A música está no ar! Esta obra é um desfile de ritmos e estilos brasileiros, que vão se alternando, como se estivéssemos girando o seletor do rádio. Maxixe, Valsa, Frevo e até Funk vêm pelo ar.

V – TERRA

Esta obra traz o clássico tema “Tupyzinho” em versão sinfônica. Um tributo aos povos originários que “tocam” com os pés a solo da mãe Terra, que consideram seu grande instrumento de percussão. O arranjo leva a orquestra para o centro da aldeia, com as várias sessões de sopros e cordas dialogando com o Pife Muderno. Embalada pela trama percussiva da banda, a orquestra faz a transição para o Allegro final.

ÁGUA VERDE – Edu Lobo 1943 (PIFE)

ZANZIBAR – Edu Lobo 1943 (PIFE + EDU LOBO)

CASA FORTE – Edu Lobo 1943 (PIFE+EDU LOBO)

Edu Lobo é celebrado no novo álbum do grupo EDU PIFE e é o grande homenageado deste concerto. Compositor de algumas das mais belas canções da Música Brasileira, ele revela três temas que nunca receberam letra: composições que retratam um Brasil rico em harmonia, melodia e ritmo, que arrebatam o ouvinte.

VENTO BRAVO – Edu Lobo 1943 (PIFE+OSN)

Este clássico de Edu Lobo traz o arranjo da orquestra como se fosse a ampliação da sonoridade do Pife Muderno. A estrutura rítmica da banda em contraponto ao som orquestral revela um turbilhão de timbres.

RAPSÓDIA DAS ROCHAS CARIOCAS – Carlos Malta 1960 (PIFE+OSN)

Composta por Carlos Malta para homenagear os 450 anos de fundação da cidade do Rio de Janeiro, esta peça traz o relevo das montanhas cariocas como inspiração para a linha melódica, que por sua vez, revela as influências mouras e africanas que povoam esta cidade.

• Orquestrações: Carlos Malta.

Músicos

Carlos Malta (flautas)
Andrea Ernest Dias (flautas)
Marcos Suzano (pandeiro, percussões eletrônicas)
Durval Pereira (zabumba)
Bernardo Aguiar (pandeiro e percussão)
Fofo Black (bateria)
Participação especial: Edu Lobo

14 e 15 de Dezembro de 2024
Sábado 19h | Domingo 10h30
Cine Arte UFF
Rua Miguel de Frias, 9 – Icaraí – Niterói
Ingressos: R$ 60 (inteira) – R$ 30 (meia)
Canais de venda: Guichê Web e Bilheteria
Classificação Indicativa:  Livre