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OSN UFF – Mostra Brasileira de Música da Atualidade “Marisa Rezende 80 anos”
13/10-10:30 > 11:30
Nota de programa
A Mostra Brasileira de Música da Atualidade teve sua primeira edição em 2014, baseada em uma das missões artísticas da Orquestra: fomentar a criação e a difusão da música brasileira de concerto.
Assim, nos últimos dez anos, a OSN UFF tem dedicado um programa por ano a compositoras e compositores contemporâneos, possibilitando conexões e percepções que estimulam a criação de novas obras musicais na atualidade.
A obra que dá início ao concerto da X Mostra Brasileira de Música da Atualidade é “Ybyrapytanga” de Liduíno Pitombeira (1962). “Ybyrapytanga” é uma palavra de origem Tupi-Guarani, que significa “árvore vermelha” ou “madeira vermelha”, fazendo referência ao Pau-Brasil, cuja extração e exploração marcaram os primeiros contatos entre a exuberante natureza brasileira e os povos colonizadores. Liduíno convida-nos a refletir sobre a relação entre o homem, a natureza, a história e suas consequências. Para o compositor, “Ybyrapytanga” é “mais que uma descrição musical de eventos históricos; é uma jornada sonora que convida à contemplação e ao questionamento da evolução de um país marcado por profundos contrastes.”.
Na sequência, o compositor Roberto Macedo (1959) apresenta-nos a “1ª Sinfonia” para orquestra de cordas. Obra em três movimentos, Allegro, Adagio e Allegro Vivace, foi composta entre 2014 e 2015. Sua concepção se aproxima das sinfonias clássicas, entretanto é possível observar que a harmonia e melodia se inserem num contexto mais próximo ao modalismo logo no primeiro movimento. O segundo movimento alterna uma atmosfera melancólica com momentos líricos e sombrios. No terceiro movimento são explorados efeitos rítmicos e de timbre idiomáticos das cordas. Em meio aos sons dos movimentos, surge um tema de caráter leve, descontraído e despretensioso, que para o compositor “…evoca a simples… alegria de viver.”.
O terceiro bloco do concerto é dedicado à homenageada da Mostra, a grande compositora Marisa Rezende (1944), apresentando três de suas obras sinfônicas: “Devaneio”, “Fragmentos” e “Trama”.
No livre olhar de quem aqui escreve, através das três obras, comparo Marisa com a teoria do artista sismógrafo, defendida por autores como Aby Warburg, que sugere que os artistas têm a capacidade de captar as emoções, tensões e transformações sociais de seu tempo. Assim como um sismógrafo detecta pequenos tremores antes de um grande terremoto, os artistas podem perceber e expressar mudanças sutis na sociedade antes que elas se tornem evidentes para o público em geral.
Marisa parece ser este sismógrafo. Trabalhando habilmente os timbres e cores do instrumental orquestral, cria pontes sonoras e paisagens etéreas que nos traz o vislumbre de lugares conhecidos, ou apenas Devaneios, que rapidamente nos transportam ao desconhecido, quem sabe a Fragmentos do porvir.
Em “Trama”, obra que encerra o programa, Marisa Rezende, propõe em analogia o jogo de oposição de ideias baseada no poema “As Três Palavras Mais Estranhas”, de W. Symborska.
As Três Palavras Mais Estranhas
Quando pronuncio a palavra Futuro,
a primeira sílaba já se perde no passado.
Quando pronuncio a palavra Silêncio,
suprimo-o.
Quando pronuncio a palavra Nada,
crio algo que não cabe em nenhum não ser.
(Wislawa Szymborska)
Deivison Branco
Membro da Comissão Artística da OSN UFF 2023/24
PROGRAMA
Liduíno Pitombeira (1962) – YBYRAPITANGA Op. 12 (1992)
Roberto Macedo (1959) – 1ª SINFONIA (2014/2015)
Dedicada à esposa Lígia.
I – Allegro
II- Adagio
III – Allegro vivace
Mariza Rezende (1944) – DEVANEIO (2022)
Obra encomendada para o projeto Vale Música Espírito Santo.
Mariza Rezende (1944) – FRAGMENTOS (2014)
Obra encomendada pelo Centro de Música da Funarte para a XXI Bienal de Música Brasileira Contemporânea.
Mariza Rezende (1944) – TRAMA (2012)
Obra encomendada pelo Centro de Música da Funarte para a XX Bienal de Música Brasileira Contemporânea.
Solista: Janaina Salles (violoncelo)
13 de outubro de 2024
Domingo | 10h30
Cine Arte UFF
Rua Miguel de Frias, 9 – Icaraí – Niterói
Ingressos: R$40 (inteira) – R$ 20 (meia)
Canais de venda: Guichê Web e Bilheteria